A cidade que eu quero ajudar a construir.

Bons exemplos tirados da Holanda, Dinamarca e Colômbia (para não dizerem que é coisa de “primeiro mundo”). Cidades para seres humanos e não para carros.

“Nossos” políticos poderiam aproveitar esses exemplos.


Pelo fim do asfalto.

Hoje em dia, sobretudo nas grandes cidades, o asfalto está por todo lugar e, onde ele não está, as pessoas fazem pressão para que ele chegue logo. Mas o asfalto tem que acabar. Por quê? Os motivos não são poucos:

1) Asfalto mata. Onde há asfalto, os motoristas correm mais e a conseqüência é um número maior de acidentes e mortes relacionadas. Um bom exemplo é Bagé, no interior do Rio Grande do Sul, onde apenas três avenidas são asfaltadas e o resto é pavimentada com paralelepípedos. Adivinhem quais são as ruas onde mais acontecem acidentes fatais?

2) Asfalto é caro. Apesar de a instalação do metro quadrado do asfalto custar praticamente o mesmo que os velhos paralelepípedos, acaba saindo muito mais caro pois o asfalto precisa de muito mais manutenção, sua durabilidade é menor, e cada vez que é preciso cavar na via para obras no sistema de esgoto (por exemplo) é necessário fazer remendos, enquanto que os paralelepípedos podem ser reutilizados e duram centenas de anos.

3) Asfalto esquenta. O asfalto absorve mais calor que os paralelepípedos,

o que acaba aumentando as temperaturas das áreas urbanas.

4) Asfalto alaga. O asfalto impermeabiliza a via, impedindo que a água das chuvas seja absorvida pela terra, causando alagamentos e potencializando enchentes. Além disso, a água que se acumula sobre o asfalto acaba contribuindo na deterioração do mesmo, aumentando os custos de manutenção.

5) Asfalto cheira mal. E o pior não é isso com o calor e o desgaste pelo trânsito, o asfalto solta uma fuligem que acaba indo pros nossos pulmões.

6) Asfalto é derivado de petróleo. E altamente poluente.

7) Asfalto é líquido. O que o torna inapropriado para pavimentação de vias onde trafeguem veículos pesados, como ônibus e caminhões. Nos corredores de ônibus asfaltados, por exemplo, existem verdadeiras valas, que marcam a trajetória dos pneus.

Esses foram os motivos que me ocorreram agora, mas devem haver outros tantos. E existem é claro, exceções, casos onde o asfalto pode ser bem aplicado como ciclovias e pequenos trechos de lombas íngremes, para evitar o derrapamento dos carros.

Para quem quiser ler mais.


Protesto sobre duas rodas

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Acontece no próximo sábado, dia 29 de março, a primeira bicicletada do ano em Porto Alegre. O manifesto procura divulgar a bicicleta como alternativa ao transporte na cidade, celebrando a liberdade de não ficar preso no trânsito.  Por um futuro mais civilizado, mais limpo, mais seguro e mais sustentável.

A saída do protesto é às 9h30 da manhã, no Largo Glênio Peres. Compareça com seu veículo não motorizado.


Como você anda?

Dia após dia a idéia do automóvel individual vem se mostrando mais insustentável e perigosa. Aquecimento global, mortes por acidentes, atropelamentos, poluição atmosférica, poluição sonora, etc., estamos cansados de ver notícias tristes e trágicas que mostram as conseqüências dos veículos automotores e ainda insistimos em não enxergar as causas. Como pode que ainda não ouvimos (ou lemos) alguém gritar “PAREM DE COMPRAR CARROS!” na grande mídia? Será que isso não é um exemplo mais do que claro que devemos parar de assistir tanta TV e procurarmos nos informar em outros meios?

O que me sustenta, é ler pequenas pérolas como eventualmente encontro em alguns sites da internet. Mas só nos resta lamentar que comerciais como este jamais irão ao ar no Brasil:


Teleimprudência.

17102003habibs2.jpgO Habib’s tem um serviço de telentrega que garante que seu pedido chega em menos de 28 minutos, caso contrário, você não precisa pagar nada. Fantástico, não? Não. O que o Habib’s não deixa claro, é que se por um infortúnio a comida não chegar em 28 minutos, o entregador também não vai receber pelo seu trabalho.

Isso ficou claro na noite em que um grupo de amigos se reuniu para ver filmes e decidiu encomendar comida do Habib’s. A comida chegou em 29 minutos, um atraso de um minuto. Ao ser informado que a entrega estava atrasada e não seria paga, o motoboy começa a chorar e se lamentar:
– Não é justo, a gente corre,  dá o melhor de si e não recebe pelo trabalho.

Ou seja, o Habib’s, não só exige comportamento imprudente dos motoboys a seu serviço, que têm de fazer de tudo e colocar a sua vida e a de outros em perigo ao dirigir rápido e perigosamente, como também provavelmente contorna as leis trabalhistas brasileiras, como as agências de publicidade, ao pagar seus funcionários por entrega, negando-lhes direitos básicos como a Carteira de Trabalho e segurança no seu trabalho.

Se você acha um absurdo a imprudência dos motoqueiros no trânsito, seja coerente e não peça comida do Habib’s. Não custa nada esperar mais 20 minutos.


Vá de bicicleta!

Nas grandes cidades as pessoas gastam diariamente mais de uma hora no trânsito e pagam e gastam mais tempo em uma academia para se exercitarem, depois ainda reclamam que falta tempo e dinheiro. Que tal trafegar e fazer exercício ao mesmo tempo? Indo de bicicleta, economiza-se tempo e dinheiro. De quebra você ainda ajuda o meio-ambiente.

Escrevi esse post pois descobri o blog Transporte Ativo, que procura difundir o uso da bicicleta e onde eles falam que o uso das bicicletas cresceu nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo.

É sempre lembrar que o corpo humano é uma fonte de energia renovável!


Conscientização no trânsito

As campanhas de conscientização no trânsito brasileiras são muito brandas, pouco eficientes e beiram o constrangimento (veja exemplo clicando aqui). Deveria ser implantada uma campanha mais impactante e talvez até avisos de risco à saude e à vida, como é feito nas embalagens de cigarro.

Bons exemplos de campanhas de conscientização no trânsito são as da Irlanda e da Inglaterra. Dêem uma olhada:

Campanha Inglesa – Think! (Pense!) – para uso do cinto de segurança

“Se você tivesse outra chance o que você faria de diferente?”

Campanha Irlandesa – contra altas velocidades

“- Está bem claro que você estava dirigindo muito rápido para lidar com situações inesperadas.
– Quanto maior a velocidade, maior o estrago.”


Vendendo mortes

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Se por um lado a engenharia nos propicia carros cada vez mais seguros, por que isso não é o suficiente para conter o aumento das mortes no trânsito? Porque a mesma engenharia produz carros cada vez mais rápidos e que fazem com que palio2.jpgo motorista não sinta a velocidade em que está dirigindo. Ou talvez porque publicitários e marqueteiros inescrupulosos, (ir)responsáveis pelas campanhas de publicidade dos automóveis pessoais, criam uma visão de que ter carro é ter “emoção”, como sugere a nova campanha do Palio, da Fiat, com o slogan “Toda emoção está aqui”. O culto pela velocidade1110274371338546.jpg é mais óbvio ainda se considerarmos as imagens em alta velocidade e a busca de uma semelhança do comercial para com um videogame de corrida de carros. De fato, até a logomarca e o visual do comercial são semelhantes aos do jogo Need for Speed.

Outro bom (ou seria mau?) exemplo é o novo comercial da Volkswagen, que mostra uma reunião onde executivos da empresa analisam junto com os publicitários um anúncio televisivo. Um executivo afirma que o comercial está ótimo, mas que o carro tá correndo muito e a Volkswagen não pode incentivar seus clientes a correr e pede que refilmem as cenas com o carro indo mais devagar. Um publicitário responde que não precisa refilmar, que dá pra diminuir a velocidade no computador que fica bom assim. O comercial encerra com a imagem do automóvel em quadro a quadro e com a música Born to Be Wild em baixa rotação. No geral, com uma grande dose de cinismo, o comercial passa uma mensagem de que o carro corre muito (mais que o permitido) e que “rápido” é bom e “lento” é ruim e sem graça.

Dezenas de milhares de pessoas morrem todos os anos em acidentes automobilísticos. É a principal causa de morte entre jovens. E ao invés de a indústria incentivar a responsabilidade na direção, é justamente o contrário. Comerciais de carro deveriam ser regulamentados, como os de cigarro.

Não é de se esperar isso de uma indústria que sempre colocou o lucro acima da segurança, como conta a história da General Motors. Em 1993, durante um julgamento nos E.U.A. foram encontrados documentos que comprovam que a GM pôs a maximização do lucro acima da segurança pública. Para diminuir custos, o tanque de combustível do modelo Malibu 1979, foi colocado próximo demais do parachoque traseiro e sem a devida proteção. O resultado é que o carro incendiava facilmente ao sofrer batidas na traseira. A GM sabia desse risco, mas para modificar o desenho do carro, gastaria U$6,19 a mais por carro do que se tivesse que indenizar as vítimas dos possíveis acidentes, logo não fez modificações no modelo.

A emoção que uma pessoa mais ganha ao comprar um carro é o estresse.


A extinção do espaço público.

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Parece estranho dizer isso, mas o espaço público está acabando. O que antes era lugar de passeio, convívio social e lazer para todos hoje em dia é lugar de tráfego de veículos. É uma tendência mundial: as calçadas estão diminuindo e as ruas se alargando. O mundo é dos carros! Marginalizado, o pedestre fica agora confinado numa estreita faixa que ladeia as avenidas, respirando a fumaça dos automóveis (e cultivando um câncer de pulmão). Perdeu a preferência é desrespeitado pelos motoristas e ainda corre o risco de ser atropelado (mesmo na calçada).

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As praças e parques são hoje o pouco espaço público que restou. As ruas tornaram-se mero lugar de passagem, incômodo e barulhento. E os governos federal, estaduais e municipais são cúmplices dessas tendências gastando todo ano milhões de reais asfaltando ruas, alargando avenidas, construindo novos viadutos, veja aqui, por exemplo, os impactos causados pela construção da Terceira Perimetral em Porto Alegre, RS.

É preciso que as pessoas se dêem conta da importância (social, ambiental e de saúde) de se priorizar o tranporte público e coletivo, resgatando os espaços públicos abertos. É preciso que parem de acreditar nas mentiras das montadoras de que dizem que um carro vai facilitar sua vida. É preciso que as pessoas se dêem conta que se preocupar com o bem-estar coletivo, é se preocupar com o próprio bem-estar.

Menos carros nas ruas = mais espaço = menos congestionamento = menos tempo perdido = mais qualidade de vida.

Em tempo, um movimento interessante que trata da questão dos espaços públicos é o Reclaim the Streets.